A Arte Gótica
A Catedral de Milão é um exemplo da arte gótica na arquitetura.
Como tantas denominações atribuídas por críticos e historiadores a estilos e períodos artísticos, a de arte gótica, empregada pela primeira vez por Vasari, em 1550, no seu livro sobre as Vidas dos Mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos, possuía, a principio caráter depreciativo. Baseava-se na divisão das eras artísticas preconizada por Ghiberti: Idade Áurea da arte clássica, declínio desde Constantino e, a partir de Giotto, a Renascença Italiana.
Para Ghiberti, como para Vasari, o intervalo compreendido entre a época de Constantino e o advento de Giotto foi artisticamente nulo, pois os pintores, os escultores e os arquitetos afastaram-se da tradição clássica, influenciados pelo novo ideal estético: o gótico. Gótico, logicamente, seria o estilo particular aos gôdos, tribo bárbara do N. da Europa; a arte gótica, contudo, nada tem a ver com esse povo, pois nasceu com a arquitetura religiosa da Normandia e da Borgonha, durante o séc. XII.
A arte gótica foi relegada a discreto segundo plano, combatida e negada até ao último quarto do séc. XVIII, quando começou sua valorização, graças, principalmente, ao Pré Romantismo, em países como a Grã-Bretanha e a Alemanha. Com o advento do romantismo, e devido à pregação de Viollet-le-Duc, o gótico passou a reunir a preferência de todos os artistas e arquitetos.
Hoje, após os minuciosos estudos de ensaístas como Mâle, Focillon, Dvorák e outros, entende-se por gótico o estilo de arte medieval que tendo-se originado por volta de 1150, na França, transformar-se-ia em estilo internacional durando até 1420 na Itália e até 1500 nos países setentrionais. O estilo gótico é, antes de tudo, um estilo arquitetônico; mas o adjetivo gótico é empregado também para caracterizar a pintura e a escultura do período.
Como a arquitetura gótica vai estudada em separado (Gótica, Arquitetura), analisemos, a seguir, a pintura gótica presencia o aparecimento e a rápida difusão de nova modalidade pictórica: a pintura de cavalete, o quadro ou o retábulo. A temática é acima de tudo religiosa. Quanto a técnica, importantes inovações começam a aparecer com os irmãos Hubert e Jan van Eyck (há duvidas quanto a existência de Hubert; Jan van Eyck faleceu em 1441), que recorrem à pintura a óleo, e não mais à têmpera como até então.
Ficou dito a pouco que a pintura gótica era principalmente de índole, religiosa. No entanto, o período assiste também ao nascimento da pintura profana – como, por exemplo, nos painéis, verdadeiros discursos políticos, executados entre 1337 e 1339 no Palazzo Pubblico de Siena por Ambrogio Lorenzetti, e nas ilustrações de calendários, tratados científicos e moralités, baseadas nos escritos de autores clássicos, como Esopo e Ovídio. Como típica manifestação do nascente individualismo, especial menção deve ser feita ao retrato, que faz então sua aparição: retrato de João o Bom, 1350-1364, na biblioteca de Paris. Grandes Retratistas tornariam, no séc. XV, o gênero prestigiadíssimo: Van Eyck, Van der Weyden e Memling, nos países baixos, Masaccio, Uccello, Veneziano e Pisanello, na Itália.
O estilo gótico em pintura parece ter tido sua origem nas miniaturas irlandesas e inglesas de princípios do séc. XIII. Em fins desse mesmo século, e possivelmente sob a influência da escultura, dá-se um passo gigantesco no sentido da tridimensionalidade, dop detalhe naturalista e da interpretação psicológica. Com Giotto, falecido em 1337, todas essas qualidades cristalizam-se pela primeira vez. De avignon, cidade papal, o estilo gótico giottesco, modificado por Simone Martini, falecido em 1344, ganha os demais países europeus. Na segunda metade do séc. XIV chegará mesmo a Praga, até onde se faz sentiro influxo da arte de alguns pintores setentrionais italianos, discípulos ou seguidores de Giotto.
Desde princípios do séc. XIII pode-se falar na internacionalidade do estilo gótico; mas é no séc. XV que a pintura atinge a seu mais alto desenvolvimento, com a criação de escolas nacionais, como a que desenvolveria na Borgonha e nos países e nos Países Baixos. Nesses países a pintura, já anunciada pelos livros-de-hora vividamente ilustrados, atinge a altíssimo nível com os Van Eyck, Petrus Christus, Van der Weyden, Memling, Van der Goes.
O fim da pintura gótica parece estar contido na obra de dois pintores singulares: o holandês Jheronimus Bosch (falecido em 1516) e o alemão Mathias Grunewald (falecido em 1528), que encerram um ciclo e, de certo modo, inauguram novos tempos.
Escultura
A escultura gótica somente pode ser compreendida em toda a sua importância se entregada ao esquema arquitetônico ao qual estava subordinada. Tal como na pintura, a escultura é sobre tudo religiosa, muito embora o fim do período gótico presencie a imposição do individualismo que iria conduzir ao retrato de cunho naturalista. Os primeiros escultores são ainda anônimos: são os estatuários de Chartres, Reims e Strasburgo.
Em fins do séc. XIV surge a figura talvez mais notável da escultura gótica: Claus Sluter (falecido em 1406), e que irá influenciar toda a arte de seu tempo, mesmo a pintura de Van Eyck, de quem, aliás, era primo. Ao lado de Sluter, e como representante do estilo gótico meridional, merece ser citado o escultor italiano Jacopo della Quércia (falecido em 1438), cuja arte anunciada já a Renascença. A última fase da escultura gótica (1480 – 1520) caracteriza-se por um maneirismo de que é expoente máximo o alemão Tilmam Riemenschneider, falecido em 1531.
O gótico alemão manifestado na literatura e na arquitetura do período medieval.
Os vitrais dão cor e vivacidade às janelas das catedrais góticas medievais.
Na Baixa Idade Média, o desenvolvimento comercial europeu abriu espaço para novas possibilidades estéticas. As igrejas, na qualidade de grande reduto de pessoas e representantes do poder clerical da época, foram tomadas por novas técnicas de construção que marcam o surgimento do estilo gótico. Em geral, as construções eram bastante ricas e detalhadas, demonstrando justamente todo o progresso técnico e material que o renascimento comercial havia proporcionado.
Um dos mais marcantes elementos decorativos que aparecem nessas igrejas são os vitrais, que formavam imensas e coloridas janelas que, muitas vezes, apresentavam desenhos geométricos ou representavam um santo ou uma passagem do texto bíblico. Sobre esse aspecto, ainda vale ressaltar que os vitrais permitiam a elaboração de um vibrante jogo de luzes constituído a partir da combinação de peças de vidro das mais variadas cores.
Para se obter um vitral, o artesão dessa época deveria inicialmente realizar o processo de coloração da peça de vidro. Costumeiramente, o vidro cru era misturado a outras substâncias químicas que, ainda na fase de derretimento, determinavam a obtenção de certa tonalidade. Dessa forma, a peça de vidro ainda ficava colorida sem bloquear completamente a passagem de luz pelo material. Cumprida essa primeira etapa, o vidro aquecido era moldado.
Nesse processo, o artesão depositava uma pequena quantidade de vidro fundido na ponta de um tubo oco. Logo depois, ele assoprava a outra extremidade do tubo formando uma bolha de vidro modelável. A manipulação dessa bolha acontecia somente até o momento em que a bolha ganhava o formato de um cilindro. Alcançada essa etapa, era realizado um corte longitudinal nas duas extremidades do cilindro, transformando-o em um cilindro oco.
Superada esses primeiros trabalhos, o cilindro oco sofria um corte e o vidro era moldado até se transformar em uma placa. Cada uma das placas era devidamente resfriada e depois recortada com a ponta de um diamante, que reproduzia o formato que o vitral deveria assumir na composição de uma imagem. Dando sequência ao trabalho, o artesão fazia algumas pinturas opacas em que os traços fisionômicos da imagem a ser formada eram finalmente definidos.
Finalmente, após todo o trabalho com o vidro, as pequenas placas eram encaixadas em uma estrutura metálica conhecida como “perfil de chumbo”. Unidas, as placas eram capazes de materializar grandes composições em que se reproduziam algum relato bíblico ou a imagem de um santo. Após a sua montagem, o perfil de chumbo era encaixado nas aberturas das paredes das catedrais.
O requinte, a complexidade e os vários materiais que envolviam a fabricação de um vitral gótico nos mostram a consolidação de um novo ideal estético marcado pela luminosidade e a variação de tons. Somente com o intercâmbio promovido pelo comércio é que podemos imaginar a existência de um processo técnico cercado por tantas exigências. Assim, os vitrais, ao iluminarem as igrejas, também reafirmavam um novo período da história medieval.
Para Ghiberti, como para Vasari, o intervalo compreendido entre a época de Constantino e o advento de Giotto foi artisticamente nulo, pois os pintores, os escultores e os arquitetos afastaram-se da tradição clássica, influenciados pelo novo ideal estético: o gótico. Gótico, logicamente, seria o estilo particular aos gôdos, tribo bárbara do N. da Europa; a arte gótica, contudo, nada tem a ver com esse povo, pois nasceu com a arquitetura religiosa da Normandia e da Borgonha, durante o séc. XII.
A arte gótica foi relegada a discreto segundo plano, combatida e negada até ao último quarto do séc. XVIII, quando começou sua valorização, graças, principalmente, ao Pré Romantismo, em países como a Grã-Bretanha e a Alemanha. Com o advento do romantismo, e devido à pregação de Viollet-le-Duc, o gótico passou a reunir a preferência de todos os artistas e arquitetos.
Hoje, após os minuciosos estudos de ensaístas como Mâle, Focillon, Dvorák e outros, entende-se por gótico o estilo de arte medieval que tendo-se originado por volta de 1150, na França, transformar-se-ia em estilo internacional durando até 1420 na Itália e até 1500 nos países setentrionais. O estilo gótico é, antes de tudo, um estilo arquitetônico; mas o adjetivo gótico é empregado também para caracterizar a pintura e a escultura do período.
Como a arquitetura gótica vai estudada em separado (Gótica, Arquitetura), analisemos, a seguir, a pintura gótica presencia o aparecimento e a rápida difusão de nova modalidade pictórica: a pintura de cavalete, o quadro ou o retábulo. A temática é acima de tudo religiosa. Quanto a técnica, importantes inovações começam a aparecer com os irmãos Hubert e Jan van Eyck (há duvidas quanto a existência de Hubert; Jan van Eyck faleceu em 1441), que recorrem à pintura a óleo, e não mais à têmpera como até então.
Ficou dito a pouco que a pintura gótica era principalmente de índole, religiosa. No entanto, o período assiste também ao nascimento da pintura profana – como, por exemplo, nos painéis, verdadeiros discursos políticos, executados entre 1337 e 1339 no Palazzo Pubblico de Siena por Ambrogio Lorenzetti, e nas ilustrações de calendários, tratados científicos e moralités, baseadas nos escritos de autores clássicos, como Esopo e Ovídio. Como típica manifestação do nascente individualismo, especial menção deve ser feita ao retrato, que faz então sua aparição: retrato de João o Bom, 1350-1364, na biblioteca de Paris. Grandes Retratistas tornariam, no séc. XV, o gênero prestigiadíssimo: Van Eyck, Van der Weyden e Memling, nos países baixos, Masaccio, Uccello, Veneziano e Pisanello, na Itália.
O estilo gótico em pintura parece ter tido sua origem nas miniaturas irlandesas e inglesas de princípios do séc. XIII. Em fins desse mesmo século, e possivelmente sob a influência da escultura, dá-se um passo gigantesco no sentido da tridimensionalidade, dop detalhe naturalista e da interpretação psicológica. Com Giotto, falecido em 1337, todas essas qualidades cristalizam-se pela primeira vez. De avignon, cidade papal, o estilo gótico giottesco, modificado por Simone Martini, falecido em 1344, ganha os demais países europeus. Na segunda metade do séc. XIV chegará mesmo a Praga, até onde se faz sentiro influxo da arte de alguns pintores setentrionais italianos, discípulos ou seguidores de Giotto.
Desde princípios do séc. XIII pode-se falar na internacionalidade do estilo gótico; mas é no séc. XV que a pintura atinge a seu mais alto desenvolvimento, com a criação de escolas nacionais, como a que desenvolveria na Borgonha e nos países e nos Países Baixos. Nesses países a pintura, já anunciada pelos livros-de-hora vividamente ilustrados, atinge a altíssimo nível com os Van Eyck, Petrus Christus, Van der Weyden, Memling, Van der Goes.
O fim da pintura gótica parece estar contido na obra de dois pintores singulares: o holandês Jheronimus Bosch (falecido em 1516) e o alemão Mathias Grunewald (falecido em 1528), que encerram um ciclo e, de certo modo, inauguram novos tempos.
Escultura
A escultura gótica somente pode ser compreendida em toda a sua importância se entregada ao esquema arquitetônico ao qual estava subordinada. Tal como na pintura, a escultura é sobre tudo religiosa, muito embora o fim do período gótico presencie a imposição do individualismo que iria conduzir ao retrato de cunho naturalista. Os primeiros escultores são ainda anônimos: são os estatuários de Chartres, Reims e Strasburgo.
Em fins do séc. XIV surge a figura talvez mais notável da escultura gótica: Claus Sluter (falecido em 1406), e que irá influenciar toda a arte de seu tempo, mesmo a pintura de Van Eyck, de quem, aliás, era primo. Ao lado de Sluter, e como representante do estilo gótico meridional, merece ser citado o escultor italiano Jacopo della Quércia (falecido em 1438), cuja arte anunciada já a Renascença. A última fase da escultura gótica (1480 – 1520) caracteriza-se por um maneirismo de que é expoente máximo o alemão Tilmam Riemenschneider, falecido em 1531.
O gótico alemão
O gótico alemão manifestado na literatura e na arquitetura do período medieval.
Mesmo contando com algumas definições mais gerais, o estilo gótico também abriu espaço para o desenvolvimento de particularidades comuns a cada uma das regiões da Europa. No século XIII, por exemplo, os alemães desenvolveram uma arte gótica constituída por muitas particularidades. Em termos gerais, vemos que o gótico alemão adentra uma complexa rede de símbolos religiosos e a construção de imagens que expressavam a devoção ao poder monárquico.
Um dos mais belos exemplos desse estilo encontra-se na igreja de Santa Elizabeth, localizada na cidade de Marburgo e que teve sua construção iniciada em 1235. A planta desta igreja apresenta o formato de cruz, embora sendo o braço do coro e o transepto, de uma mesma medida. Nas extremidades dessa construção cruciforme temos formas arredondadas que fazem clara menção a uma permanência do estilo românico nesse tipo de desenho arquitetônico.
Por meio desse desenho, o gótico alemão difere-se do gótico francês ao dispensar a construção de arcobotantes nas naves laterais e central. Ao mesmo tempo, apesar da construção explorar o espaço de forma bastante compactada, as linhas e expressões do edifício transmitem notável leveza, graças à exploração das linhas verticais e os rendilhados que tomam conta das janelas em forma de ogiva. Internamente, as naves apresentam a mesma altura.
No campo da literatura, o estilo gótico alemão está manifestado na produção do chamado Codex Manesse, um manuscrito do século XIV produzido em homenagem a Venceslau II, rei da Boemia. Nela, encontramos um conjunto de 138 iluminuras que representam os autores da obra e diferentes cavaleiros. A presença de diversos brasões confere a centralidade da obra em explorar o mundo nobiliárquico, que também aparece nos poemas e canções de amor do texto.
Um dos mais belos exemplos desse estilo encontra-se na igreja de Santa Elizabeth, localizada na cidade de Marburgo e que teve sua construção iniciada em 1235. A planta desta igreja apresenta o formato de cruz, embora sendo o braço do coro e o transepto, de uma mesma medida. Nas extremidades dessa construção cruciforme temos formas arredondadas que fazem clara menção a uma permanência do estilo românico nesse tipo de desenho arquitetônico.
Por meio desse desenho, o gótico alemão difere-se do gótico francês ao dispensar a construção de arcobotantes nas naves laterais e central. Ao mesmo tempo, apesar da construção explorar o espaço de forma bastante compactada, as linhas e expressões do edifício transmitem notável leveza, graças à exploração das linhas verticais e os rendilhados que tomam conta das janelas em forma de ogiva. Internamente, as naves apresentam a mesma altura.
No campo da literatura, o estilo gótico alemão está manifestado na produção do chamado Codex Manesse, um manuscrito do século XIV produzido em homenagem a Venceslau II, rei da Boemia. Nela, encontramos um conjunto de 138 iluminuras que representam os autores da obra e diferentes cavaleiros. A presença de diversos brasões confere a centralidade da obra em explorar o mundo nobiliárquico, que também aparece nos poemas e canções de amor do texto.
Os vitrais góticos
Os vitrais dão cor e vivacidade às janelas das catedrais góticas medievais.
Na Baixa Idade Média, o desenvolvimento comercial europeu abriu espaço para novas possibilidades estéticas. As igrejas, na qualidade de grande reduto de pessoas e representantes do poder clerical da época, foram tomadas por novas técnicas de construção que marcam o surgimento do estilo gótico. Em geral, as construções eram bastante ricas e detalhadas, demonstrando justamente todo o progresso técnico e material que o renascimento comercial havia proporcionado.
Um dos mais marcantes elementos decorativos que aparecem nessas igrejas são os vitrais, que formavam imensas e coloridas janelas que, muitas vezes, apresentavam desenhos geométricos ou representavam um santo ou uma passagem do texto bíblico. Sobre esse aspecto, ainda vale ressaltar que os vitrais permitiam a elaboração de um vibrante jogo de luzes constituído a partir da combinação de peças de vidro das mais variadas cores.
Para se obter um vitral, o artesão dessa época deveria inicialmente realizar o processo de coloração da peça de vidro. Costumeiramente, o vidro cru era misturado a outras substâncias químicas que, ainda na fase de derretimento, determinavam a obtenção de certa tonalidade. Dessa forma, a peça de vidro ainda ficava colorida sem bloquear completamente a passagem de luz pelo material. Cumprida essa primeira etapa, o vidro aquecido era moldado.
Nesse processo, o artesão depositava uma pequena quantidade de vidro fundido na ponta de um tubo oco. Logo depois, ele assoprava a outra extremidade do tubo formando uma bolha de vidro modelável. A manipulação dessa bolha acontecia somente até o momento em que a bolha ganhava o formato de um cilindro. Alcançada essa etapa, era realizado um corte longitudinal nas duas extremidades do cilindro, transformando-o em um cilindro oco.
Superada esses primeiros trabalhos, o cilindro oco sofria um corte e o vidro era moldado até se transformar em uma placa. Cada uma das placas era devidamente resfriada e depois recortada com a ponta de um diamante, que reproduzia o formato que o vitral deveria assumir na composição de uma imagem. Dando sequência ao trabalho, o artesão fazia algumas pinturas opacas em que os traços fisionômicos da imagem a ser formada eram finalmente definidos.
Finalmente, após todo o trabalho com o vidro, as pequenas placas eram encaixadas em uma estrutura metálica conhecida como “perfil de chumbo”. Unidas, as placas eram capazes de materializar grandes composições em que se reproduziam algum relato bíblico ou a imagem de um santo. Após a sua montagem, o perfil de chumbo era encaixado nas aberturas das paredes das catedrais.
O requinte, a complexidade e os vários materiais que envolviam a fabricação de um vitral gótico nos mostram a consolidação de um novo ideal estético marcado pela luminosidade e a variação de tons. Somente com o intercâmbio promovido pelo comércio é que podemos imaginar a existência de um processo técnico cercado por tantas exigências. Assim, os vitrais, ao iluminarem as igrejas, também reafirmavam um novo período da história medieval.
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